Resenha (002) - Precisamos falar sobre o Kevin

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Resenha (002) - Precisamos falar sobre o Kevin


Livro: We need to talk about Kevin (SHRIVER, Lionel)
Gênero: Drama
Editora Intrínseca, 463 páginas.

Sinopse: "Para falar de Kevin Khatchadourian, 16 anos – o autor de uma chacina que liquidou sete colegas, uma professora e um servente no ginásio de um bom colégio dos subúrbios de Nova York – Lionel Shriver não apresenta mais uma história de crime, castigo e pesadelos americanos. Arquitetou um romance epistolar onde Eva, a mãe do assassino, escreve cartas ao pai ausente. Nelas, ao procurar porquês, constrói uma meditação sobre a maldade e discute um tabu: a ambivalência de certas mulheres diante da maternidade e sua influência e responsabilidade na criação de um pequeno monstro."

Tomei conhecimento desse livro tem um bom tempo. Após ler a sinopse e algumas resenhas críticas a respeito dessa obra, necessitei desesperadamente adquiri-la; Tentei comprar diversas vezes, mas nunca encontrava, e, quando via o livro à venda, nunca tinha dinheiro. Era uma falta de sorte tremenda, e com o tempo confesso que acabei esquecendo dele.

No primeiro semestre desse ano, eis que um dia, em um shopping de Porto Alegre, me deparo com uma livraria - e eu NUNCA resisto a entrar em uma livraria - e lá estava ele, me esperando. Eu TIVE de comprar, aquele livro me chamava. Finalmente pude tê-lo em minhas mãos, e não me arrependo de nenhum centavo gasto com ele.

Sinceramente, eu mal sei como começar a escrever sobre ele. Essa leitura foi realmente muito intensa para mim, e desde que a terminei, tive aquela sensação de vazio - parece que tudo o que eu li ou vou chegar a ler depois desse livro é cansativo e previsível.

No livro, Eva Katchadourian, ao escrever as inúmeras cartas a Franklin, pai de Kevin, tenta procurar motivos que expliquem como as coisas chegaram a tal ponto.
Uma coisa é certa: logo de cara, Eva reconheceu a natureza de seu filho, e, no seu íntimo, o rejeitava por isso. Mas será que deve-se culpá-la por isso e associar ao que aconteceu?
É aí que esse livro levanta uma questão: até onde deve-se privar de certos sentimentos em relação a alguém próximo pelo simples fato dele ser sangue do seu sangue?

Eva tentou, apesar de no fundo rejeitar o filho, ser uma boa mãe. Largou a carreira, os sonhos, os projetos, e se dedicou inteiramente a cuidar e dar tudo o que pôde a ele - tanto no material quanto no sentimental, e embora esse último fosse algo um tanto quanto "mecânico", ela ainda sim não desistia de tentar conquistar o carinho do filho.

Franklin, por outro lado, embora um tanto quanto ausente, sempre foi um pai amoroso. Talvez seja por isso que em nenhum momento teve sua capacidade como pai questionada ou especulada perante sociedade após o ocorrido. Será mesmo que, em algum momento, ele não tenha errado?

Será que realmente existem culpados - além do próprio Kevin - pelo que aconteceu? Ou melhor, até onde vai a culpa de Kevin nessa história?

Por hora, o que posso salientar é isso. Não quero estragar a surpresa, e sim despertar a curiosidade em vocês. Esse livro REALMENTE vale à pena ser lido, e vale à pena que vocês procurem tirar suas próprias conclusões.

O livro também ganhou vida nos cinemas. Eva Katchadourian é interpretada por Tilda Swinton, Franklin pelo ator John C. Reilly e o Kevin na fase dos 16 anos, por Ezra Miller (existem outros dois atores que interpretam o personagem quando criança). O filme é MUITO bom, e eu procurei assistir logo depois que terminei de ler o livro.



O que eu recomendo é que vocês leiam o livro antes de assistir o filme. Em ambos a história é contada na forma de flashbacks, e devido a isso algumas coisas podem ficar incompreensíveis apenas com o filme.

E para encerrar, um dos trechos do livro que mais me marcaram:

"Eva: Você nunca quis ter alguém para brincar? Você pode gostar.
Kevin: E se eu não gostar?
Eva: vai ter que se acostumar.
Kevin: Só porque você se acostuma com algo não quer dizer que você gosta. Você se acostumou comigo."

Bom, espero que tenham gostado. Quem já leu, não deixe de comentar e dar a sua opinião sobre o livro. Será bem-vinda!

6 comentários:

  1. Esse livro é realmente sensacional! A forma com que a Lionel escreve seus livros nos faz entrar na cabeça dos personagens de uma forma que só ela consegue fazer; e com Eva não foi diferente. Concordo com teus questionamentos, fiquei com os mesmos; é impossível termos uma resposta para tudo o que aconteceu, e será que existe um real culpado...?

    Gostei do filme, mas nem tanto, pois faltou, a meu ver, o melhor que tinha no livro, ele ser narrado por Eva. Muitos dos questionamentos feitos por Eva no livro acabaram não aparecendo no filme. Mas mesmo assim a construção do filme ficou muito boa.

    Abraço!

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    1. Olá! Muito obrigada por dar a sua opinião.

      Realmente, o filme pecou em certos aspectos... quem resolve assistir antes de ler o livro, provavelmente sai com uma série de dúvidas. Fora isso, eu achei o filme muito bom, e a escolha dos atores não poderia ter sido melhor, principalmente com relação à Tilda Swinton. Depois que eu assisti ao filme ficou impossível falar da Eva sem associá-la à atriz.

      Abraço!

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    2. A escolha da Tilda foi realmente perfeita, não poderiam ter pego alguém melhor. Você já leu os outros livros da autora? Todos são excelentes. Recomendo muito O Mundo Pós-Aniversário: http://www.restaurantedamente.com/2011/12/o-mundo-pos-aniversario-de-lionel.html

      Abraço!

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    3. Não li não! Infelizmente ando com pouco tempo para leitura e ainda não terminei de ler algumas das minhas últimas aquisições! :(
      Eu já tinha em mente ler outros livros dela... valeu pela dica! Começarei por esse, então.
      Mais uma vez, obrigada por manifestar-se.

      Abraço!

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    4. ps: O que acha de uma parceria entre os blogs? =)
      Abraço.

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    5. Me manda isso por e-mail, faço sim! contato@restaurantedamente.com

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