Resenha (004) - Millennium I - Os Homens que não amavam as mulheres

sábado, 24 de novembro de 2012

Resenha (004) - Millennium I - Os Homens que não amavam as mulheres


Título Original: The girl with the dragoon tattoo (LARSSON, Stieg)
Gênero: Policial/Suspense
Editora Cia das Letras, 522 páginas.

Bem, agora chega a parte em que eu deveria colocar a sinopse do livro. Mas como eu sou muito egoísta, não farei isso. Esse momento deve ser meu. Aliás, era assim que eu me sentia enquanto lia esse livro (e os outros dois da série). Me sentia em um momento só meu, onde eu me desligava do mundo e nada mais importava. Eu me imaginava ali, assistindo a tudo ao vivo e a cores.
E confesso também que essa sensação demorou um pouco para acontecer nesse livro. Já vou dizer o porquê.

O livro começa com Henrik Vanger, patriaca da família e dono de algo que um dia fora um império industrial Sueco, recebendo uma flor emoldurada. Logo depois a história muda de foco, aparecendo então o jornalista investigativo e Editor-Chefe da revista Millennium - Mikael Blomkvist - o qual foi condenado a alguns meses de prisão por ter publicado, a princípio, "informações falsas" a respeito do dono de uma Multinacional da Suécia. A partir daí a leitura se torna um tanto cansativa, uma vez que há uma descrição detalhada a respeito de crimes econômicos. 

Porém, embora cansativa, eu ainda tinha curiosidade em saber o que levou Mikael, um renomado jornalista investigativo de crimes econômicos, ser condenado à prisão. Uma e coisa é certa: Eu sabia que ele era inocente. Desde o início. E também, aquela cena do Henrik Vanger recebendo aquela flor não saía da minha cabeça... eu necessitava saber o QUÊ ligaria Henrik à história toda.

Após isso, a história muda novamente de lugar. Eis então que, para a minha surpresa, também conheço Lisbeth Salander - uma menina magricela, aparentemente frágil, de mais ou menos vinte e poucos anos, cheia de piercings, usando roupas estranhas e com sérios problemas de relacionamento interpessoal. Eis que essa menina era dotada de uma inteligência inigualável: ela era a melhor hacker de toda Suécia. Por isso, trabalhava em uma empresa de segurança (eu diria espionagem - aquelas empresas onde pessoa x pede para puxar todo o histórico de pessoa y).

Eis então que Dirch Frode entra em ação. Dirch é uma espécie de braço direito de Henrik Vanger. Ele vai à essa empresa e pede para puxar o histórico de ninguém menos que Mikael Blomkvist. E adivinha quem fica designada a esse serviço? Lisbeth Salander! 
Lisbeth fez o trabalho de casa direitinho: puxou todas as informações do cara, e a princípio não encontrou nada de suspeito. Mas alguma coisa intrigava ela: o que levava um cara como esse ser condenado e não procurar se defender? Lisbeth então quis ir mais a fundo. Mas isso eu deixo para vocês descobrirem por si próprios.

Posterior ao ocorrido, Mikael Blomkvist recebe um telefonema de Dirch Frode, pedindo para que ele fosse ao encontro de Henrik Vanger. Mikael fica um pouco desconfiado, mas vai mesmo assim. Chegando lá, eis que as coisas finalmente tomam sentido: Henrik Vanger quer descobrir um culpado. Em 1966 sua sobrinha Harriet Vanger sumiu sem deixar vestígios. O crime nunca teve resolução. E pra deixar as coisas mais instigantes ainda... pasmem: aquela flor que o Henrik recebe todos os anos, era costume de Harriet dar a ele toda vez que o mesmo fazia aniversário.

Mikael, depois de relutar um pouco, acaba aceitando a proposta. Toda essa investigação seria feita às escondidas. A vinda e posterior hospedagem de Mikael no local foi justificada aos demais membros da família Vanger como se ele estivesse escrevendo um livro sobre a história da família. O que acaba ligando a Lisbeth ao Mikael no decorrer da história é que ela, por estar intrigada com ele, acaba hackeando o laptop do jornalista. E acaba meio que acompanhando a investigação dele, e em meio a isso descobre uma pista importante que pode ajudá-lo. É aí então que Mikael descobre que o seu laptop está sendo "supervisionado" e vai ao encontro de Lisbeth Salander. A partir daí, os dois trabalham juntos para resolver o mistério envolvendo Harriet e o império Vanger.

Por hora, o que eu posso dizer é isso. O livro possui muitos outros personagens (principalmente os componentes da família Vanger), mas achei pertinente falar apenas sobre os principais, até para não dar muitos detalhes sobre a história.

Agora eu quero - e preciso - escrever um pouco sobre a anti-heroína Lisbeth Salander. Claro eu gosto muito do Mikael, e os dois formam uma dupla imbatível. Mas quando o quesito é peculiaridades, a Lisbeth tem de sobra, e talvez seja por isso que minha atenção tenha se voltado mais a ela. Aliás, antes de dar minha opinião sobre a personagem, primeiramente vou deixar que alguns dos personagens do livro falem sobre ela:

"Ela não faz nada que não sinta vontade de fazer. Não dá a mínima para o que os outros pensam a seu respeito. É de uma competência extraordinária. E é completamente diferente das outras pessoas.” Dragan Armanskij, dono da empresa a qual Lisbeth "presta serviços".

“- É uma pessoa muito sozinha e diferente. Socialmente fechada. Não gostava de falar de si mesma. Ao mesmo tempo, é dotada de uma vontade muito forte. E tem um grande senso moral.
-Moral?
- Sim. Uma moral muito própria. Ninguém consegue obrigá-la a fazer nada que não seja da vontade dela. No mundo da Lisbeth, as coisas são ‘boas’ ou são ‘ruins’, por assim dizer.” Mikael Blomkvist

O que eu quero dizer é que Lisbeth é única (além de ser a personagem mais badass que eu já vi). Atrás daquele jeito extremamente antissocial (pergunte sobre a vida dela, o máximo que você irá receber em troca é um "vá se foder"), Lisbeth esconde um passado. Como uma menina tão inteligente, dotada de talentos e capacidade lógica extraordinária pode ser considerada mentalmente incapaz de cuidar de si própria, necessitando passar a vida toda sob tutela de estranhos? Sim, esse foi um detalhe que eu não contei à respeito de Lisbeth. E deixo para que vocês descubram por si próprios o porquê disso tudo. Uma coisa é certa: a história de Lisbeth fez com que ela se tornasse uma das melhores personagens de todos os tempos (para mim, é claro). Stieg conseguiu torná-la, apesar de toda aquela acidez e mau humor, em um personagem intrigante, atratente e extremamente cativante.

O que eu posso dizer a respeito dessa obra é que Stieg conseguiu reunir, em apenas um livro, uns dos assuntos que mais me chocam, dentre eles o abuso de poder e a corrupção. O outro assunto vocês já devem saber, infelizmente o título dado no Brasil entrega um pouco do que se trata a história... o título estrangeiro é The girl with the dragoon tattoo, que seria traduzido como "A garota com a tatuagem de dragão". Além do mais, o desfecho da história é surpreendente. Eu não vou fazer rodeios: quando terminei de ler esse livro, foi como se eu tivesse levado um soco no estômago. 

Mudando um pouco de assunto, a saga Millennium já ganhou vida nos cinemas. Na versão Sueca, já existe os três filmes, sendo eles: Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar. Existe também a versão americana de Os homens que não amavam as mulheres. 
Eu particularmente, se for fazer uma comparação entre os dois filmes, POR ENQUANTO eu gostei mais da versão Sueca. Como ainda não saíram os outros dois na versão americana, ainda não posso dar o meu veredicto. 

Era isso. Espero que tenham gostado, e não se esqueçam de comentar... a opinião de vocês é muito importante.
Até a próxima!

2 comentários:

  1. Gostei muito desse livro, concordo naquele ponto sobre a história não andar tao rápido, mas o carisma dos personagens motiva a continuar (Lisbeth é do mal) o que eu posso falar, a análise ficou muito boa, continue assim!

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  2. Muito obrigada por dar sua opinião, e que bom que gostou da minha resenha.



    A leitura de início foi realmente cansativa, mas valeu muito à pena ter levado adiante!

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