Resenha (019) - O Cavaleiro da Morte (As Crônicas Saxônicas - Livro 2)

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Resenha (019) - O Cavaleiro da Morte (As Crônicas Saxônicas - Livro 2)

Título Original: The Pale Horseman: The Saxon Stories - Book 2 (CORNWELL, Bernard)
Gênero: Romance Histórico
Editora Record, 391 páginas.

**** ATENÇÃO: Por ser resenha de uma série de livros, a mesma pode conter descrições ou comentários que você considere como SPOILER. 

Bom, recordando um pouco o que foi dito na resenha de O Último Reino, os dinamarqueses, com toda sua fúria já haviam tomado quase toda a Inglaterra, restando apenas Wessex, o reino mais rico e poderoso da ilha e principal alvo de invasão.

Tudo corria bem para Alfredo, que, por ser muito devoto, acreditava ter Wessex protegida por Deus e também por uma trégua entre o reino e os dinamarqueses. Toda essa confiança foi derrubada quando os dinamarqueses, em um ataque-surpresa (uma vez que para Alfredo tudo estava nos conformes e a trégua ainda era válida), finalmente conseguem tomar Wessex.

Não resta outra alternativa a Alfredo se não fugir com sua família. Vai a caminho do que restou de seu reino: Æthelingæg, uma terra totalmente esquecida, úmida, lamacenta e que jamais vira Alfredo como rei.
Uthred, o personagem que narra a trama, jura lealdade e proteger o rei e sua família enquanto necessitarem e o ajuda na busca de apoio para poder erguer um fyrd, que seria uma espécie de força de defesa. Erguendo o fyrd, Alfredo visava enfrentar os dinamarqueses e tirar Wessex das mãos dos mesmos. Quanto a história do livro, eu paro por aqui, para não dar maiores detalhes a respeito da mesma.

No livro criou-se uma espécie de aproximação entre Alfredo e Uthred. No decorrer da história, Alfredo cometera certas injustiças com Uthred, o que fez com que o guerreiro alimentasse ódio pelo rei. As ideias dos dois a respeito de como vencer os dinamarqueses divergiam muito, como pode ser visto nesse trecho:

"Mas eu odiava Alfredo. Odiava-o por ter me humilhado em Exanceaster, quando me fizera usar manto de penitente e me arrastar de joelhos. E não pensava nele como meu rei.
Ele era Saxão do Oeste e eu era da Nortúmbria, e eu, Uthred, achava que Wessex teria pouca chance de sobreviver enquanto ele fosse rei.
Ele acreditava que Deus iria protegê-los dos dinamarqueses e eu acreditava que eles teriam de ser derrotados por espadas."

Mesmo com essas divergências os dois procuravam se unir por um único ideal, e um até cedia pelo outro de vez em quando. Foi muito bom ver os dois trabalhando em equipe. O cristão devoto e o guerreiro pagão trabalhando juntos não só pra reaver Wessex, mas também para proteger a Inglaterra da fúria dos vikings.

Eu realmente não sei se a imagem e personalidade do Rei Alfredo das Crônicas de Bernard Cornwell condizem com as de Alfredo, O Grande, aquele que de acordo com a história defendeu a Inglaterra dos vikings e que prosperou em seu reinado. Mas o que que eu posso dizer a respeito do Alfredo descrito nas Crônicas Saxônicas, é que pude conhecê-lo melhor nesse livro, uma vez que o mesmo ficou uma boa parte da trama sem a companhia de padres dizendo a ele o que deveria fazer e como deveria pensar. Percebi que por trás de tanta devoção, Alfredo era um homem que sabia usar a cabeça e que estaria disposto a fazer qualquer coisa para reaver Wessex (até mesmo lutar ao lado de um pagão, que no caso era Uthred), mesmo que às vezes contra a própria vontate. Pena que no decorrer do livro ele voltou um pouco a ser o que era, devido a chegada dos padres que voltaram a interferir em suas ideias.

Nesse volume da série Uthred está muito mais arrogante (talvez seja pela idade, ele tinha apenas 21 anos durante o período descrito no livro) e explosivo. Apesar disso, é impossível não admirar a força, a coragem e a determinação do rapaz. Sem contar que Uthred é um guerreiro de primeira. A inteligência do rapaz em batalhas, bem como sua fúria de guerreiro são impressionantes.

O que posso dizer de momento é que em O Cavaleiro da Morte, Bernard continua proporcionando situações muito bem descritas, bem como cenários os quais nos fazem viajar à época em que se passa a história do livro. A partir desse livro pude perceber que a rotatividade de personagens da série seria muito grande (por isso eu procuro focar-me apenas em Alfredo e Uthred ao escrever as resenhas, mas penso em  futuramente fazer um post falando um pouco sobre alguns personagens da série). Gostei de muitos personagens, e a cada volume lido sentia pesar por uns e ficava com medo de saber o que aconteceria a outros. Mas claro, nem por isso a vontade de continuar lendo a série diminuía.

Espero que tenham gostado da resenha de hoje. E como sempre peço, não deixe de comentar, a opinião de vocês é muito importante!
Até a próxima, pessoal!

2 comentários:

  1. Resenha muito boa, conseguiu destilar bem o livro sem dar spoilers. Um ponto que acho interessante do Uhtred é ele ser o extremo oposto do Derfel (Arthur). Derfel é muito submisso, respeitador e sofre bastante por essa personalidade, o que acaba irritando o leitor. Já o Uhtred não aceita de bom grado a autoridade, ele pode ir lá e fazer o que mandam, mas pode ter certeza que não será exatamente o que mandaram ser feito, da forma ordenada e muito menos sem uma boa dose de xingamentos e reclamações. Mesmo quando ele se ferra, algo que acontece com certa frequência, é bem difícil você (leitor) ficar "deprimido" com isso pois sabe que certamente ele vai ferrar alguém por consequência. Alem de ser um excelente guerreiro ele é bem engenhoso e um líder nato, junto de Sharpe (As Aventuras de Sharpe) é o personagem melhor desenvolvido de Bernard Cornwell. Apesar de meu personagem favorito ser Thomas de Hookton (pronto, misturei um monte de livros rs).

    ResponderExcluir
  2. Obrigada por comentar! Que bom que gostou da resenha.
    Então, infelizmente as Crônicas Saxônicas são as primeiras obras do Bernard que eu leio. Mas pretendo ler muito mais ainda!
    Já ouvi falar muito bem das Crônicas de Artur e das Aventuras de Sharpe (vi que essa série de livros é BEM grande). Vou optar por uma delas na próxima!


    O Uhtred é um grande personagem, mesmo. Gosto de personagens cujo temperamento é forte. De cara eu já simpatizei com ele por causa disso!


    Abraço!

    ResponderExcluir