Resenha (045) - O Iluminado

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Resenha (045) - O Iluminado

Título: O Iluminado
Autor: Stephen King
Editora: Círculo do Livro
Ano: 1977
Gênero: Terror/Suspense/Fantasia
Nº de Páginas: 447

                Finalmente faço a resenha de um livro relativamente bem aguardado por mim mesmo. Quando comprei o livro em um sebo, me senti na obrigação de lê-lo. Feito e refeito. O divertido foi perceber o quanto que diversas características do grande mestre do horror, Stephen King, já estão presentes aqui.

                Antes da introdução há uma pequena amostra que deixa claro os grandes nomes que inspiraram o autor. Em uma página, um pequeno trecho de A Máscara da Morte Rubra de Edgar Allan Poe e uma frase atemporal do pintor iluminista Goya nos ajudam a “entrar” na atmosfera do livro.

“O adormecer da razão gera monstros.”
                                                               - Goya

                Já ao início do livro temos Jack Torrance xingando mentalmente seu futuro chefe temporário em uma entrevista de emprego para zelador. Xingamento estimulado por uma pergunta que deixou o personagem em uma situação delicada. Afinal, imagino ser extremamente constrangedor, frustrante, triste e irritante ser questionado sobre seu passado alcoólatra e agressivo. Após passar pela entrevista de emprego, Jack, sua esposa Wandy e seu filho Danny (traduzido para Daniel) partem para morar no hotel Overlook, em algum lugar do Colorado durante o inverno. O grande palco de todo o terror.

                Este é o ponto de partida para uma história de terror que pode ser amada ou odiada, mesmo por pessoas de gostos bem semelhantes.

                A família composta por eles é o padrão de qualquer história com o chefe de família alcoólatra. Wandy é a mãe pouco opinante por não querer contrariar e também querer ajudar o marido, ao mesmo tempo em que teme pela segurança de seu filho. Este último, Danny, que é o clichê da criança que presencia acontecimentos estranhos, mas que neste caso ocorre por conta de seu “dom”.
                A família citada é facilmente reconhecida por qualquer um. Faz o tipo da família desestruturada, presente em diversos tipos de filmes e livros. Tal fato não fica apenas nos personagens principais, a maioria dos personagens que irão aparecer na trama são tão clichês quanto à família de Jack.
                Não acho que seja interessante revelar qualquer coisa a mais sobre o enredo do livro uma vez que a sua idade talvez seja o seu maior defeito. O fato de o livro ser um clássico da literatura de horror fez com que ele se tornasse fonte de inspiração para diversos outros autores, transformando o que uma vez foi original em algo muito datado. Defendo não revelar mais sobre o enredo justamente por isso, qualquer leitor com um pouco mais de bagagem no gênero poderá identificar os demais clichês no próprio roteiro. Por mais que tudo seja muito bem escrito e detalhado, alguém que já está anestesiado com contos e histórias de horror mais modernos provavelmente não se sentirá demasiado envolvido, muito menos com o final do livro.
                Para estes, eu recomendo lerem o livro com um olhar diferente. Sem tantas expectativas, com mais carinho, respeito e atenção a tal obra que transformou um gênero e é reconhecida até hoje. Com essa visão você facilmente se envolverá com o livro, talvez não com a trama, mas com o livro em si. A sua admiração pelo autor pode aumentar demais.
                Para os leitores menos habituados ao terror, principalmente o tipo de terror que é mais embasado em uma atmosfera criada com detalhes e descrições minuciosas, este livro é muito recomendado. Será muito bem apresentado a esse tipo de narrativa. Os personagens serão menos óbvios e se tornarão mais caricatos com o desenrolar da trama, com exceção da figura de Jack (e mesmo assim ele se torna um excelente personagem). A narrativa de King derroca um pouco à monotoniedade em alguns trechos ligeiramente mais descritivos, mas são rapidamente cortados por visões do passado ou futuro de algum dos personagens. Isso vem a se tornar bem comum na narrativa dele, muitas vezes cansa e mais vezes ainda ele te cativa a continuar lendo.

“Retirem as Máscaras!!!”

    “Este lugar desumano cria monstros humanos”

            Cheio de frases marcantes, o livro demonstra diversos aspectos da visão do autor através de diversos personagens. O próprio Jack é uma caracterização dita e escrita de Stephen King (pelo menos na parte humana, espero), que teve problemas com o álcool em diversos momentos da vida. Isso tudo, somado ao fato de ser uma obra com o nome inspirado em uma canção de John Lennon (Instant Karma), torna tudo muito prazeroso de se experimentar.

Instant Karma's gonna get you
Gonna knock you right in the head
You better get yourself together
Pretty soon your gonna be dead

             Para os mais exigentes com escrita, recomendo a versão que eu li, de capa dura e antiga. Por mais que pareça difícil de encontrar, nem é tanto assim, comprei bem barato eu um sebo. A versão atual que é impressa pela Objetiva possui alguns erros de ortografia que pode incomodar (pode não ser nada, mas me incomoda) além de não ter o texto na íntegra. Recomendo muito a leitura do original em inglês, afinal, é o próprio Stephen King lhe contando a história.
           Creio não ser necessário avaliar o filme aqui, o mesmo é uma obra de arte a parte, por muitos, visto como melhor que o livro (por mim também).

            Enfim, uma incrível obra, um livro empolgante e que cambaleia em sua própria fama. Essencial para fãs do autor e novos leitores do gênero, mas talvez seja inviável para fãs do gênero que sempre esperam algo a mais em tudo que leem.

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