Resenha (064): O Diário de Jack, o Estripador - Resenhista convidada

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Resenha (064): O Diário de Jack, o Estripador - Resenhista convidada

Nota: Olá, leitores do L. I.! Como vocês puderam perceber, a resenha de hoje é muito especial, uma vez que é de autoria de uma resenhista convidada. E ela é Thays Leães, 23 anos de idade e jornalista. Recentemente criou o Blog Thays Leães, onde ela fala sobre diversos assuntos: música, moda, séries, filmes, notícias e... livros! E quando se fala em livros, é com a gente mesmo: é com muita alegria que postamos a resenha do livro "O Diário de Jack, o Estripador" - que poderá também ser encontrada no blog da Thays. Bem... vamos ao que interessa?

Resenha de "O Diário de Jack, o Estripador" -  Por Thays Leães
Autor: Shirley Harrison
Editora: Universo dos Livros
Ano: 2012
Idioma: Português
Páginas: 504

Minha irmã se interessa muito pela história do Jack Estripador, o serial killer mais famoso de todos os tempos que até hoje não teve sua identidade confirmada. No aniversário dela, comprei um livro sobre a descoberta de um diário que supostamente pertence a Jack, e revela sua verdadeira identidade. No momento da compra eu acreditei que era um livro de ficção, mas quando descobri do que realmente se tratava, fiquei perplexa com a história e devorei o livro em poucos dias.

A teoria

O diário de Jack Estripador revela que o assassino de Whitechapel era um comerciante de algodão de família tradicional, viveu em Liverpool, se chamava James Maybrick e morreu envenenado pela esposa, Florence, em 1889, um caso que teve muita repercussão na época. A relação conturbada entre o casal Maybrick, as traições de Florence e o ciúme obsessivo de James pela esposa, traçam um paralelo interessante com os assassinatos de Whitechapel: incapaz de machucar a própria esposa, Maybrick canaliza sua raiva em prostitutas, que representam para ele a face impura de Florence.

A narrativa do livro tem o formato de uma grande reportagem investigativa, que monta uma longa linha do tempo e conecta fatos históricos da época, a história conturbada dos Maybrick, as incansáveis análises do diário e, obviamente, toda a saga sangrenta de Jack e as pistas que a Scotland Yard seguiu sem obter sucesso. Foram consultados especialistas em análises forenses, jornalistas, historiadores, especialistas na história de Jack e até psiquiatras. Para quem está acostumado narrações de ficção pode ser um pouco entediante em alguns momentos explicativos (entender como é o processo de datação da escrita, por exemplo). Mas para mim, os fatos reais interligados de maneira a formar o que pode ser, no mínimo, uma teoria da conspiração muito bem elaborada é muito interessante.

O Diário



Nem Maybrick nem Jack são os grandes protagonistas do livro. O que realmente choca, instiga e consome o leitor é o conteúdo mórbido e perturbador do diário, que é reproduzido na íntegra ao final do livro. E eu posso afirmar que nem mesmo toda a história por trás do conteúdo do manuscrito, apresentada em 350 páginas, me preparou o suficiente para o teor do Diário. Eu não sou nenhuma especialista em psicologia forense, mas me interesso pelo assunto e achei o estilo de escrita e personalidade do autor muito convincentes: alguém egocêntrico e egoísta com uma obsessão doentia, que apresenta diante dos seus atos um misto de euforia e culpa, de orgulho e medo de ser descoberto. Um autor que assume o papel de algoz, mas também de vítima das circunstâncias, que não esboça nenhum sinal de arrependimento. Apesar de apresentados com riqueza de detalhes, os crimes não são narrados ou descritos como uma história coerente, mas expostos de maneira totalmente passional, a partir da percepção do suposto assassino: “o gosto doce do sangue”, o olhar de pavor das “putas” (como ele chamava as vítimas) e os detalhes da dissecação montam uma atmosfera tensa e assustadora.

O relógio



Logo após a descoberta do diário, veio a público um relógio de bolso da época vitoriana que supostamente pertenceu a Maybrick, com as seguintes inscrições: “J.Maybrick. Eu sou Jack” e as iniciais das vítimas. Análises revelaram que as marcas feitas no relógio são muito antigas e coincidem com a datação de 1888. Uma falsificação moderna do artefato exigira um trabalho minucioso e muito dinheiro.

As provas

É importante ressaltar que Shirley Harrisson, por mais que tente buscar a imparcialidade nos fatos, acredita cegamente que o diário é original e Maybrick era o Estripador. Ou então ela é cúmplice de uma fraude muito bem elaborada mas não quis perder a chance de ganhar muita fama e dinheiro às custas do serial killer mais famoso da história, o que eu não posso provar, mas não acho impossível. Inegavelmente, a autora apresenta os fatos de maneira convincente e, apesar de não conseguir  provas irrefutáveis sobre a autenticidade do diário, parece que, em contrapartida, ninguém conseguiu explicar como foi forjada uma possível fraude até então. E, pelo menos de acordo com a Shirley, não são poucos os céticos que tentaram. Evidência histórica ou falsificação, o mistério que envolve o diário ainda assim é intrigante, e quem teve a ideia de conectar James Maybrick ao Jack Estripador, o fez de forma complexa e genial.

Pesquisando para este post descobri que, além do livro, a polêmica em torno do Diário de Jack Estripador também inspirou um documentário. Segue o link para quem quiser saber mais sobre o assunto (em inglês).


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Bom, pessoal. Essa foi a resenha da Thays! Não deixem de visitar o blog dela, espero que gostem.
Um abraço e até a próxima!

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