Resenha (031): A menina que não sabia ler

domingo, 24 de março de 2013

Resenha (031): A menina que não sabia ler

Título Original: Florence and Giles (HARDING, John)
Gênero: Suspense
Editora Leya, 272 páginas.

O ano é 1891 é o local é a Nova Inglaterra.
Florence e Giles são duas crianças cujos pais faleceram. Em decorrência disso, acabam sob a tutela de seu tio. Uma pessoa ausente, que largou os sobrinhos à própria sorte em sua mansão escura e abandonada, para viver sob os cuidados dos criados.

Florence era uma menina de 12 anos que tinha encanto pelas palavras. Mas havia um problema: ela não sabia ler. E não porque não queria, e sim, por proibição de seu tio, que, amargurado por acontecimentos passados, alegava que o conhecimento fazia as mulheres se rebelarem.
Porém, tudo muda quando Florence encontra a biblioteca abandonada na mansão. Aprende a ler sozinha e acaba devorando os livros da biblioteca escondido, na companhia de seu pequeno irmão Giles.
Giles, por sua vez, acaba sendo levado para um colégio interno. Florence conhece Theo, um menino alto , esguio e asmático, da mesma idade que ela, e eles acabam ficando amigos. Embora a saudade pelo irmão só aumentasse, tudo corria bem para Florence, que alternava seus dias entre os livros e a companhia de Theo.
Giles não consegue acompanhar o ritmo da escola e acaba sendo mandado de volta para casa, para alegria de Florence e Theo. Tudo corria bem naquelas primeira semanas. Até o tio de Florence ter a ideia de contratar uma preceptora para eles. É aí que entra a Srta. Taylor, a mulher que irá mexer na vida dos dois irmãos da maneira mais brusca.

É aí que o rumo da estória muda completamente. Quem vê essa capa e título tão amenos, nunca iria imaginar o quão perturbador é esse livro. Nesse ponto ele foi surpreendente pra mim, que inicialmente pensava se tratar de um romance ou algo do gênero, e não de um suspense. Porém, ao mesmo tempo em que o rumo da estória em si tornou-se surpreendente, o livro pode parecer um pouco decepcionante em certos aspectos. O autor deixa diversas pontas soltas no livro, coisas que não foram bem destrinchadas e deixam dúvidas ao leitor, como por exemplo:

- Quem eram os pais das crianças? Florence e Giles nada sabiam a respeito de seus pais, exceto que já haviam falecido. A única coisa revelada é que Florence e Giles eram meio-irmãos. Eram filhos de mães diferentes. O autor mencionou os pais das crianças diversas vezes, dando a entender que isso tinha relevância no enredo, mas em momento algum revelou qual era a importância no mesmo ou no que esse fator influenciava.

- Por que Florence sonha sempre com uma mulher ameaçando seu irmão? Florence sofria de sonambulismo e quase sempre sonhava com essa mulher, porém não via seu rosto. E no fim isso não ficou bem explicado e a dúvida pairou no ar: Era a Srta Taylor? Ela fez parte do passado das crianças?

-  E por que o tio proibiu Florence de ler? Apesar de inicialmente ter dado um motivo, o autor deixa claro que o mesmo não era verdadeiro. Dava a entender que ela não podia ler por um motivo maior, e não apenas por ser mulher.

O livro deixa essas e outras muitas pontas soltas. Sem contar a dúvida final: aquilo tudo vivenciado por Florence e Giles realmente aconteceu? A meu ver essa dúvida final em si é interessante e deu um toque especial no livro, embora ainda sim pense que algumas coisas deveriam ter sido melhor explicadas. Fora isso, o livro é bem escrito e narrado em primeira pessoa (pela Florence, no caso).
Se quisermos utilizar da nossa imaginação, facilmente podemos encontrar respostas para isso tudo. Pode ser que a intenção do autor realmente tenha sido essa: Deixar esses pontos pendentes para o leitor ligá-los. Foi o que eu fiz, e acabei gostando do resultado. Eu recomendo para quem gosta de um bom suspense.

Bom pessoal, era isso. Espero que gostem da resenha de hoje, e não deixe de comentar!

8 comentários:

  1. Quando li, minha conclusão foi exatamente essa. A de imaginar. Acho que o escritor queria isso, realmente.
    Muito bom, Yasmim!!

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  2. SPOILERS!!!

    Tio + Srta. Taylor = Giles

    Tio + Mulher Desconhecida = Florence

    Eu acho que o que a Florence via era loucura da cabeça dela. Além de ter matado a srta. Whitaker (depois ela pensa que a srta. Taylor é a Whitaker, de tão paranóica que é) ela era drogada pela Srta. Taylor durante as refeições. Minhas conclusões finais.

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  3. Sim, também penso (quase de certeza) que a srta Taylor é a mãe do Giles, ainda mais pela ligação dos sonhos da Flo, a foto encontrada por ela, etc.
    Também acho que era loucura da cabeça dela. Mas em partes. Penso que a srta Taylor, se é realmente mãe de Giles, queria levá-lo... por isso a Florence a via como uma espécie de bruxa/monstro e imaginava tudo aquilo. Ela era muito apegada ao irmão e a ideia de ficar longe dele criou tudo isso.
    Penso também na possibilidade que a Whitaker não tenha sido morta pela Flo, e sim pela Taylor, que visava entrar na casa a todo custo. Veja bem: não dá pra esquecer o que o delegado da cidade descobriu quando foi pra Nova York... ela foi pra agência de empregos pedir vaga justamente naquele lugar, como se soubesse que estavam precisando de alguém, e nem teve objeção com relação a salario.. sem contar as referências falsas. Era alguem que já vinha articulando uma entrada naquele local, e a desculpa da necessidade de uma preceptora na casa foi a deixa perfeita.
    E quanto a Florence... acho que ela já tinha algum problema ou algo parecido pra imaginar tudo aquilo (porque por mais que haja a possibilidade dela ser drogada pela taylor, no decorrer da trama ela passa a não mais ingerir alimentos que ela não tivesse a certeza de que não haviam passado pelas mãos da preceptora, e ainda sim imaginava tudo aquilo). Pode ser por isso que o tio proibia ela de ler. Era mais fácil de controlar se a garota tivesse a mente ociosa.
    Enfim, são várias as possibilidades... no fim a gente nunca vai chegar a uma conclusão certa, mas é legal ficar brincando com os fatos e ficar criando novas teorias hahaha


    No fim dá pra gente imaginar muita coisa... eu gosto desse tipo de livro, gera umas discussões legais a respeito dessas pontas soltas; Cada um pensa uma coisa hahahaha
    Obrigada por comentar! Abraço

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  4. Como eu coloquei no começo do meu comentário, a srta. Taylor é a mãe do Giles junto com o "tio" das crianças (as duas cenas das fotografias, no escritório da sra. Grouse e no fim do livro, e a cena da visita da visita de Florence à mãe do Theo e a visita da mãe do Theo à mansão entregam a identidade da srta. Taylor). E se ela tivesse matado a primeira preceptora, a Florence teria visto, e o autor deixa claro na cena do depoimento que a srta. Whitaker bateu a cabeça em algum lugar (pra mim, Florence bateu na cabeça dela com um remo). E eu não disse que ela via tudo aquilo por causa das drogas, mas sim, que as drogas deixavam ela mais malucona, e após o descobrimento do clorofórmio a Florence passou á se cuidar, mas ela também não podia ver se a srta. Taylor entrava ou não na cozinha para envenenar a comida. E o Giles ficava sonolento á ponto de dormir sem ouvir a srta. Taylor ao seu lado e a Florence, que já era maluca, ficava mais pirada ainda, e sonolenta. Enfim, cada um tem a sua opinião, essa é a minha.

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  5. Claro!! Desculpe se pareceu que eu estava impondo minha opinião ou algo assim. Como eu disse, também concordo com a tua teoria, só quis falar mais algumas coisas que também me passaram pela cabeça quando terminei de ler. Não que estejam corretas, mas é algo que eu também pensei que poderia ser... afinal, a intenção do autor era essa mesmo, quando deixou todas essas pontas soltas... fazer as pessoas imaginarem o resto. hehehe :D


    Abs

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  6. acho que a srta. Taylor é a mão do Giles, mas não com o tio, e sim com o pai da Flo, pq as fotos que ela encontrou eram do pai dela, na gaveta da governanta. Tinha a foto da mãe dela que ela pegou e nas outras o pai com uma mulher com o rosto rasgado, a mesma foto provavelmente da biblia da srta. Taylor, ou seja ela é a madrasta da Flo.

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