Resenha (057) - O Nome do Vento - As Crônicas do Matador Rei: Primeiro Dia

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Resenha (057) - O Nome do Vento - As Crônicas do Matador Rei: Primeiro Dia

Título: O Nome do Vento - As Crônicas do Matador Rei: Primeiro Dia
Autor: Patrick Rothfuss
Editora: Sextante
Ano: 2009
Páginas: 656
Gênero: Fantasia

Antes de começar a resenha, quero que saibam que foi muito difícil falar sobre o livro em questão por ter sido muito esperado e desejado.
Não sei se já falei pra vocês, mas após eu desejar um livro procuro não saber mais sobre dele, à capa e a sinopse me prendem, e paro por aí. Prefiro ler “às escuras”, preciso do elemento surpresa. Bom ou ruim só após o livro estar completo eu busco comentários e opiniões sobre ele. Em relação ao Nome do vento, minha expectativa era imensa, conheci ele na feira do livro aqui da cidade e fiquei mais de ano à procura de valores adequados ao meu bolso.  Mês passado acabei ganhando os dois primeiros volumes de A Crônica do Matador do Rei, do meu namorado. Demorei quase uma semana pra começar a ler. Como eu disse a expectativa era muito grande, eu precisava saborear o momento. 

“Já resgatei princesas de reis adormecidos em sepulcros. Incendiei a cidade de Trebon. Passei a noite com Feluriana e saí com minha sanidade e minha vida. Fui expulso da Universidade com menos idade do que a maioria das pessoas consegue ingressar nela. Caminhei à luz do luar por trilhas de que os outros temem falar durante o dia. Conversei com deuses, amei mulheres e escrevi canções que fazem os menestréis chorar.Vocês devem ter ouvido falar de mim"


Bom o começo é bem clichê, em um lugar distante e desconhecido, cheio de lendas e mistérios. Em uma pequena cidade mora um homem simples, dono de uma pousada, a Marco do Percurso. O homem tem um ajudante. Nada acontece nessa cidade, nem nessa pousada. Até que algo estranho ocorre com um dos moradores da cidade. Ele foi atacado por uma criatura que acredita ser um demônio, e então o hospedeiro Kote sai em sigilo enfrentar essas criaturas conhecidas como Scrael, que se parece com aranhas muito crescidas, antes que ataquem a cidade. Durante o enfrentamento Kote salva um forasteiro que estava no lugar errado na hora errada.

O forasteiro se trata do cronista do rei, um escriba famoso por ir atrás de lendas afim de desvendá-las, logo o Crônista reconhece o hospedeiro como Kvothe. Uma das maiores lendas conhecidas, um herói e um bandido, que está desaparecido. O cronista diz querer saber a verdade por trás das histórias que se espalham e escrever suas memórias, apelando para o ego do protagonista, que com  algumas condições aceita.

“- Minha história dentre todas as coisas é de sofrimento - eu vivi muitas coisas, fiz muitas coisas; se você quer escutar minha história, sente-se, vou contá-la em 3 dias."

Ao começar sua narrativa, Kvothe nos leva a conhecer seus tempos de garoto, na trupe de seu pai, os Edena Ruh, onde aprende a cantar, tocar e representar. Nas viagens da trupe conheceu Abenthy, um Arcanista que lhe aprofundou os estudos e ensinou sobre simpatias, o preparando para posteriormente entrar na Universidade.

Certo dia, após buscar ervas para sua mãe o garoto encontra stoda sua trupe morta, sem nenhum motivo aparente. Em choque vê algumas pessoas estranhas  que parecem terem saídos das lendas e das canções infantis em meio a uma discussão, o grupo logo desaparece.

“- os pais de alguém andaram cantando um tipo inteiramente errado de canção.”

Kvothe se vê obrigado a se virar sozinho. Após três anos difíceis mendigando e sobrevivendo em uma cidade grande, vivendo em uma meia consciência, sai do grande choque que o reteve e relembra o que aconteceu com seus pais, se voltando novamente a Universidade, em busca de informações sobre o grupo que viu no dia que sua trupe foi atacada, o Chandriano.
O Arcanista Abenthy o havia treinado bastante, e apesar da falta de dinheiro, Kvothe usa suas habilidades e inteligência para entrar na Universidade com idade menor a admitida normalmente. Lá faz muitos amigos e inimigos, se decepciona por não conseguir encotrar o que procurava, e emfim descobre o nome do vento. 

Esse é apenas o começo para desvendarmos quem é Kvothe e porque te tornou tão amado e temido por tantos. E esse é apenas o primeiro dia da narrativa minuciosa feita por Kote, o hospedeiro, por Kvothe, o Sem-Sangue, Arcano, Matador do Rei, entre tantos outro coisas que Kvothe foi ou recebeu seu nome.

Rothfuss soube dosar com precisão os eventos e os capítulos, de forma muito sutil e suave criando e mantendo o mistério em volta do personagem, ora ele nos dá um vislumbre do que virá, despois recua para preencher lacunas, de modo que as histórias que parecem soltas se transformam nas experiências vida do personagem, do ponto de vista do próprio personagem.

A narrativa é feita em primeira e em terceira pessoa. Antes e durante os relatos do protagonista temos alguns lapsos do que aconteceu a Kvothe e as consequências disso, antes que ele conte essa parte da historia, em capítulos de Interlúdio, onde a narrativa é sobre os acontecimentos presentes, enquanto Kote interage com o cronista. Onde temos uma história por trás da história, onde você passa a se perguntar o que o hospedeiro tem em comum com o garoto descrito na sua narrativa. Já quando as memórias de Kvothe começam a ser narradas, embarcamos em sua mente e ele nos mostra e nos faz sentir o que aconteceu com ele.

O mundo fantástico do livro é muito bem descrito, o autor não se prende muito em cenários, mas em familiarizar o leitor com o mundo que criou. Pelo nome do primeiro volume pensei que a magia focaria na arte de nomear, mas por enquanto temos apenas as simpatias e suas conexões, que são muito bem elaboradas.

Os personagens são de uma personalidade tão maciça que são totalmente reais. Por mais secundários, todos os personagens tem suas personalidades, os professores, seus amigos e antigos companheiros de trupe. Fiquei muito encantada com a Auri, e tive raiva de Ambrose, mas a Denna me parece tão sem graça até agora. Dão muita importância á ela, mas não a vi merecer  toda essa atenção. E em ralação ao Bast fiquei meio perdida, ele seria um fauno?

Apesar de toda a inteligência demostrada por Kvothe ele não é menos imprudente que a maioria das pessoas, e apesar das suas demonstrações heroicas ou anti-heroicas, é como se tudo pudesse ser perdoado ou justificado pelos acontecimentos de sua infância. Até o momento não tem como ver ele como um vilão, e caso isso aconteça nos próximos volumes o autor deve ser considerado um gênio.

“É como se todo mundo contasse uma história dentro da própria cabeça. Sempre. O tempo todo. Essa história faz o sujeito ser quem é. Nós nos construímos a partir dessa história."

E assim temos o primeiro dia da história de um homem conhecido por seus feitos. Já sabemos muito, mas temos ideia de pouco do que pode anda acontecer.
Espero não ter falado demais sobre o livro, nem de menos, mas deixo dito que ele é melhor do que consegui dizer aqui. Desejo uma boa leitura pra quem não se aventurou ainda no universo do Patrick Rothfuss! Vale muito a pena!

Um comentário:

  1. Não vou nem ler a resenha para não ter perigo de pegar spoiler. Será uma das minhas próximas leituras e depois eu passo aqui para dizer o que eu achei e para dar uma lida na resenha, que parece estar boa.


    Abraços!


    http://desbravandolivros.blogspot.com.br/

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