Resenha (067): Morte Súbita

sábado, 4 de janeiro de 2014

Resenha (067): Morte Súbita

ROWLING, J.K. Morte Súbita. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

Título original: The casual vacancy
Gênero: Ficção inglesa
ISBN 978-85-209-3253-7
504 páginas

Sinopse: Quando Barry FairBrother morre inesperadamente aos quarenta e poucos anos, a pequena cidade de Pagford fica em estado de choque.
A aparência idílica do vilarejo, com uma praça de paralelepípedos e uma antiga abadia, esconde uma guerra.
Ricos em guerra com os pobres, adolescentes em guerra com seus pais, esposas em guerra com os maridos, professores em guerra com os alunos… Pagford não é o que parece ser à primeira vista.
A vaga deixada por Barry no conselho da paróquia logo se torna o catalisador para a maior guerra já vivida pelo vilarejo. Quem triunfará em uma eleição repleta de paixão, ambivalência e revelações inesperadas? Com muito humor negro, instigante e constantemente surpreendente, Morte Súbita é o primeiro livro para adultos de J.K. Rowling, autora de mais de 450 milhões de exemplares vendidos.

Pessoal lindo que lê esse humilde (porém feito com muito carinho a todos vocês) blog, hoje eu trago a resenha de um livro que há muito tempo vinham pedindo para aparecer dentre as nossas postagens: Morte Súbita, de J. K. Rowling!

Agora... SENTA QUE LÁ VEM HISTÓRIA.

Pagford é uma pequena cidade. Tão pequena e pacata que está mais para vilarejo. Tudo corria na perfeita paz e harmonia nesse lugar, cheio de famílias tradicionais, relativamente bem instruídas e que adoravam ostentar padrões à sociedade - embora soubessem que entre quatro paredes suas vidas eram um lixo -, até que um novo bairro é formado: Fields. 

Fields é um bairro extremamente marginalizado, voltado aos habitantes menos - muito menos - abastados e instruídos, e é devido a essa marginalização que a incidência de drogas, violência, furtos e prostituição no local é altíssima. A partir daí, O conselho de Pagford divide-se entre aqueles que são pró e os que são contra incluir Fields à cidade.

Os pró-Fields enxergavam uma necessidade e obrigação social em ajudar os habitantes desse bairro, uma vez que, para eles, essas pessoas também eram seres humanos e tinham o direito de serem inclusas e terem uma nova oportunidade perante a sociedade; já o outro lado enxergava Fields como um tumor que deveria ser exterminado sem dó nem piedade e totalmente desvinculado do perfeito e moralista vilarejo de Pagford. Para estes era "cada um por si", e Pagford não tinha obrigação nenhuma em auxiliá-los... oras! Que eles ficassem à própria sorte! 

Enfim... o destino de Fields fica incerto quando, subitamente, o Presidente do Conselho, Barry Fairbrother, morre de um AVC. O Presidente era pró-Fields e era graças a ele, sua persistência e mão de ferro (que não permitia que ele cedesse à pressão) que o bairro desafortunado recebia diversos benefícios, tais como assistência social e bolsas de estudos aos jovens que lá viviam, na melhor escola da cidade, a qual o próprio Barry era professor. 

Após o triste ocorrido, diversas especulações são feitas a respeito de quem ocuparia o posto deixado por Barry, e a partir das novas eleições que viriam para a escolha desse novo representante, guerra começa a ser traçada. E para Fields, era tudo ou nada. Com relação ao enredo eu paro por aqui, e aproveitando o assunto abordado nesse parágrafo, aproveito pra dizer que adorei a capa do livro - é bem simples, à primeira vista pode parecer até feia e sem graça, como vi/ouvi muitas pessoas comentarem, mas no fim tem tudo a ver com o enredo da trama.

Na relidade poderia falar sobre muuuito mais coisas a respeito do livro. Em volta dessa história central, vários outros núcleos são desenvolvidos. Núcleos cujo propósito é mostrar os dramas familiares que os habitantes - tanto de Pagford quanto de Fields - passam. É meio que mostrar os dois lados da moeda nessa guerra que foi travada, não necessariamente para nos fazer escolher um lado, mas sim para escancarar o fato de que, por mais perfeita que seja a imagem que se tenta passar, sempre há algo errado por trás dela. Ou no caso de Fields, por pior que pareça essa imagem, por trás dela existem seres humanos. O que levou essas pessoas a chegar onde chegaram? Será que é certo julgar suas atitudes e sua forma de viver pelo que elas aparentam ser? Achei muito bom ter encontrado esses questionamentos no decorrer da história.

Com relação aos personagens, todos são muito bem elaborados e estruturados. E digo, são muitos personagens! Muitos mesmo, uma vez que, como eu disse, acerca da história central existem diversos núcleos. O legal dos personagens é que você não sabe se ele cativa ou causa apatia. Passei de amor a ódio diversas vezes com todos eles. Cada um possui seu lado positivo e seu lado negativo, os quais são muito bem ressaltados no decorrer da trama. Até os piores conseguiam, de vez em quando, ter seu lado positivo. Gostei da humanidade que ela passou para eles. Quer dizer, nada de mocinhos e vilões, e sim seres humanos reais, com seus defeitos e qualidades, seu lado bom e seu lado mau, seus erros e acertos.

Ela meio que separou os capítulos em núcleos: em um capítulo contava a história de um núcleo, e no próximo, a de outro núcleo. Depois voltava para o outro núcleo, e assim sucessivamente, visando "dosar" as informações no decorrer da trama e dar um ar de mistério. Apesar de concordar que isso se faz necessário pra prender a atenção do leitor, em alguns momentos, pelo menos pra mim, se tornava algo chato, uma vez que algumas histórias obviamente me cativaram mais do que outras.

Aos que ainda não leram esse livro e que são fãs da saga Harry Potter, eis o meu conselho: DELETEM Harry Potter de suas mentes. Caso contrário, vai ser inevitável não estranhar ou até mesmo se frustrar devido às possíveis comparações entre uma obra e a outra. Não me admira o fato de que muitas pessoas NÃO gostaram esse livro. J. K. nos traz algo totalmente diferente do que estamos habituados com sua escrita em Harry Potter. É algo totalmente novo em se tratando do que a autora apresentou até então, ácido, denso, e dentro dessa ficção muitos temas importantes são abordados, tais como bullying, pedofilia, estupro, preconceito (racial, social, entre outros), drogas e etc.

Na realidade eu nunca soube distinguir do que esse livro se tratava. Romance? História policial? Comédia? Drama? Uma história dotada de humor negro e desgraça alheia? Ou tudo isso junto? No fim das contas resolvi esquecer todos esses rótulos. Só sei que a leitura vale muito à pena, e que por mais arrastadas e intermináveis que algumas partes possam parecer, vale a reflexão que o livro traz.

Arte da capa: 5/5
Pensonagens: 4/5
Escrita e organização: 4/5
Enredo: 5/5

Média final: 4,5

No mais, era isso. Até a próxima, pessoal!

Nenhum comentário:

Postar um comentário